estranhos pedeefes se moviam
transitavam em seu cérebro
ele acordava abria os olhos
no meio da noite
no alto só o ventilador
lento lento lento
e um calor pesti-
lento lento lento
estranhas formas
habitariam se habitassem
hábitos decompostos
descompostos
como um poema mudo
no oco escuro da cova
estranhos pedeefes
emeesseenes
embiêis
decibéis
ipeteús
cepeemeefes
até uteís
com todos os seus erres
e respectivos pingos nos is
§§§§§§
PODERIA
eu sei que poderia ser
por qualquer outra coisa
poderia ser pelo deitar do sol
ou por seu despertar em reflexo de mar
pela costa azul do sauípe
pela praia deserta
pela orla,
pelo bosque, pela mata azul
pelo canto de um pássaro sem nome
pelos sons da natureza
pelos tons da pureza
poderia ser pelos meus sonhos,
devaneios, alucinações
até por uma de mil canções
por um solo de sax, pelo violão
azulmente dolorível
de um negro incrível
poderia ser pelo mapa do tesouro
por um castelo invadido
por um trono tomado
por uma rebelião deflagrada
por tanto e por nada
poderia ter sido pelo último filme,
pelo último romance,
pelo último conto,
pela última hq,
mas de novo e novamente,
volto por você...
§§§§
ARROW
Na manhã de hoje, jovem foi hospitalizado após ser alvejado, no peito, por um arqueiro identificado como Eros de Afrodite, conforme cartão encontrado no lugar do crime. O jovem parecia bastante ferido, mas a flecha cravada na região do coração foi "engolida" pelo órgão da vítima, desaparecendo quase que instantaneamente assim que os médicos o atenderam, na verdade, assim que a vítima viu a Dra Perséfone, a cardiologista de plantão. Após o ocorrido, a vítima mostrou-se imediatamente saudável, como se nunca tivesse sido atravessada por uma flecha na sensível área toráxica. A médica informou que passou por situação similar há 9 anos, o que fez com que ela se decedisse pela medicina, mais especificamente, pela cardiologia. A médica disse nunca ter compreendido o que lhe aconteceu, e muito menos agora, anos depois. Mas estranhamente ela admite confusa que agora tudo lhe parece claro demais. Testemunhas declaram que presenciaram entre médica e paciente o que se poderia chamar de amor à primeira vista. O que não pode ser confirmado por nossa reportagem.
Distante de todos, alguém ri ao ouvir a matéria veiculada pela tv, de costas para o aparelho, deixa o apartamento, sem esquecer um estranho arco e estranhas flechas. Parte decidido como quem está numa missão muito importante.
§§§§
à tarde
saudade
queima
à noite
saudade
arde
e me
invade
assim
sem
alarde
suave
densa
leve
dança
não cansa
não pensa
só sente
sente-se só
deite-se só
sinta-se só
um nó
um desejo
de um beijo
um abraço
contra o
espaço
vazio
frio
rio
na dor
dessa lágrima
desça lágrima
desça
cresça cresce
acrescenta
uma noite
violenta
em que nada
acontece
uma prece
mas tempo
volta? não
no pc
uma cançao
pra esquecer
você e eu
nós desfeitos
pelo tempo
eu propenso
penso prós
e contras
e contas
encontros
encantos
enquanto
no canto
a carta selada
em silêncio
na madrugada
à tarde
saudade
pula a grade
me rende
me invade
é tarde...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSão meus, Mila! Obrigado, viu?
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